Título: Darkdawn
Título Original: ---
Autor: Jay Kristoff
Série: The Nevernight Chronicle #3
Páginas: 512
Ano: 2019
Editora: Thomas Dunne Books
Sinopse*: A República de Itreya está no caos. Mia Corvere assassinou o Cardeal Duomo e os rumores da morte do Cônsul Scaeva atravessaram a rua de Godsgrave como um incêndio. Mas enterrado sob essas mesmas ruas, no fundo dos ossos da cidade antiga, existe um segredo que mudará a República para sempre.
Mia e seu irmão Jonnen devem viajar pelas profundezas da antiga metrópole. Sua busca os levará através do Godsgrave underdark, através do Sea of Swords, de volta à biblioteca da Quiet Mountain e as lâminas envenenadas dos antigos mentores de Mia, e finalmente a fabulosa Crown of the Moon. Lá, Mia vai finalmente descobrir as origens do darkin e aprender o destino que está reservado para ela e seu mundo. Mas com os três sóis agora em ascensão e Truedark no horizonte, ela sobreviverá?
ATENÇÃO! Se você não leu os livros e/ou resenhas anteriores, pode conter spoiler
“Quando tudo é sangue, sangue é tudo”*
Se havia um livro esperado por mim nesse ano de 2019, esse livro era Darkdawn. The Nevernight Chronicle se tornou uma das minhas fantasias favoritas e, enquanto eu queria muito saber como terminaria, também prevalecia o receio de como Jay Kristoff iria terminar a história de Mia Corvere. Bem, o livro não saiu como imaginei e essa foi uma resenha bem difícil de escrever que a cada palavra digitada aqui, um pedaço do meu coração se desfazia.
Apesar de já ter avisado ali em cima, repito: pode conter spoilers tanto de Nevernight quanto de Godsgrave. Do tipo, muitos spoilers. Então, se você ainda pretende ler a trilogia, sugiro que pule para o último parágrafo dessa resenha.
Segundo, eu gosto do muito do Jay Kristoff e seus trabalhos, como vocês já devem ter percebido. Sempre estou indicando seus trabalhos (seja solo ou com a Amie Kaufman), entretanto acredito que o fato de gostar de um autor não significa que devemos passar pano quando eles erram a mão em suas obras. (Sim, Claire Contreras, estou falando de você!)
Toda a jornada de Mia iniciada em Nevernight a guiou para este ponto em Darkdawn. Uma profecia muito antiga e ela foi a escolhida para realizá-la. Porém, Mia Corvere não cede fácil a ninguém, muito menos aos deuses. Antes de qualquer coisa, ela terá sua vingança contra Julius Scaeva.
Toda essa explicação do que Mia é e o que ela precisa fazer foi jogada logo nos primeiros capítulos do livro. Após isso, mais da metade da história acompanhamos Mia tentando chegar na sede da Red Church, que é onde se encontra seu arqui inimigo. Nesse meio tempo, não acontece muita coisa relevante a essa profecia e o que tem de ser feito, só Mia e suas companhias tentando sobreviver.
Das cinco partes do livro, três são focadas nessa longa viagem e, particularmente, fiquei um tanto entediada em alguns momentos justamente por essa travessia até a Red Church ser caracterizada por nada de muito relevante. Porém, as cenas de ação (que basicamente se resumem a pessoas tentando matar Mia e seus companheiros) compensam com suas descrições vívidas e bem narradas.
Mia Corvere continua aquela mulher que eu amo com todas as minhas forças: cruel, impiedosa, sanguinária, calculista, resiliente. Ao mesmo tempo, vemos que ela tenta esconder um grande coração para com aqueles que se tornaram importantes em sua vida. Enquanto sua família de sangue foi arrancada de sua vida, ela encontrou outra em meios de assassinos, ladrões e gladiadores, e vai fazer de tudo para protegê-los.
Um ponto que gostei foi as reflexões de Mia em relação a Ash. Quando elas começaram a se envolver em Godsgrave, como a própria Mia diz: o amanhã não era certeiro, então não havia o que pensar; procurar consolo em Ash foi a primeira decisão em toda sua vida que ela fez pensando em si e não na vingança em nome de sua família. Aqui, o que Mia tem é tempo para pensar e analisar o que realmente a levou para os braços da garota e era algo que eu já suspeitava: Mia se vê em Ash. As duas foram forjadas para vingança, não abaixam a cabeça para nada e ninguém e não medem ações para que cumprir seu objetivo.
Ashlinn conseguiu a vingança dela e no processo feriu Mia, porém quando ela estava em seu pior momento lá em Godsgrave, Ash era a pessoa que estava ao seu lado. Por isso, partindo de alguns pensamentos da própria Mia, ela via em seu envolvimento Ash uma válvula de escape de toda aquela vida atormentada e sangrenta. Particularmente, não senti que Mia amava Ash como a garota a amava, porém rolava um sentimento profundo da parte de Mia e o fato de, quando estavam sozinhas em um quarto, Ash a fazia esquecer todos os problemas por pelo menos um instante.
Entretanto, por mais que eu tenha gostado dessas reflexões (algo que não foi desenvolvido em Godsgrave), em alguns momentos eu senti que era desnecessário alguns detalhes do relacionamento das duas garotas. Já vimos como elas são entre quatro paredes: algo carnal e bem intenso. Creio que Jay tenha utilizado dessas cenas mais íntimas para mostrar a ligação entre as duas, porém achei que usou até demais.
Antes de tudo, deixando bem claro que longe de mim me incomodar com cenas de sexo entre duas garotas; até porque o modo como Jay escreve não fica algo fetichista ou forçado, mas houve um certo capítulo que me senti lendo um outro certo capítulo de Corte de Gelos e Estrelas; que me fez questionar “hmm.. Era mesmo necessário isso, senhor Jay Kristoff? Fica aí o questionamento”.
Lado a lado com essas reflexões de Mia e seu relacionamento com Ash, a volta de um personagem é a cereja do bolo. Ao final de Godsgrave, vemos que Tric está vivo e foi enviado pela Deusa da Noite para ajudá-la em sua missão. Poxa, um triângulo amoroso logo no último livro da trilogia...
Tudo bem que a volta de Tric fazem surgir mais reflexões e a volta de sentimentos antigos em Mia. Afinal, ela está se pegando com a garota que matou a primeira pessoa que ela amou em muito tempo. Claro que é de plantar dúvidas e questionamentos, mas Mia Corvere sendo rainha Mia Corvere taca um foda-se nessas questões e foca no que é importante: matar Julius Scaeva, derrubar a Red Church e, se der tempo e ela ainda estiver viva, cumprir a profecia.
Falando em Ash e Tric, confesso que achei as interações entre os dois bem desnecessárias na história. Ash sempre foi uma personagem que nunca decidi os meus sentimentos por ela; ora eu acho que ela era um bom apoio para Mia, ora eu acho que ela um tanto tóxica, dependente e atrapalha as decisões da assassina; esse último sentimento o que prevaleceu durante toda a leitura. Ash passou de uma pessoa solidária e um apoio a Mia para uma mulher ciumenta, carente (de uma forma bastante negativa) e tóxica.
Em suas interações com Tric, Ash se mostrava uma pessoa bastante insegura em relação a Mia e aproveitava qualquer momento para jogar na cara de Tric seu relacionamento com a garota. Eu fiquei “amiga, a gente não chuta cachorro morto!”. Já não basta ter matado o cara e ele descobrir que a garota que ama está de pegação com a que o matou… desnecessário apenas ficar se reafirmando e comentando da intimidade das duas a qualquer oportunidade. Definitivamente, você caiu no meu conceito (que já não era taaanto assim)
Nesse meio tempo, também acompanhamos um novo relacionamento da vida de Mia. Também ao final de Godsgrave, Mia descobriu que seu irmão, Jonnen, está vivo. Com um início conturbado e espinhoso, aos poucos da assassina vai forjando um laço com o garoto. Queria ter visto mais da parte dele, já que ele tem um papel bastante importante em uma certa parte do livro. Apesar de viajar entre assassinos e ladrões, Jonnen não teve a mesma criação que Mia; ele só é uma criança de nove anos tentando descobrir em quem confiar: Mia ou Scaeva. Porém, quando começam a se entender, a dinâmica entre os dois irmãos é bem fofa de se ver.
Apesar de já ter avisado ali em cima, repito: pode conter spoilers tanto de Nevernight quanto de Godsgrave. Do tipo, muitos spoilers. Então, se você ainda pretende ler a trilogia, sugiro que pule para o último parágrafo dessa resenha.
Segundo, eu gosto do muito do Jay Kristoff e seus trabalhos, como vocês já devem ter percebido. Sempre estou indicando seus trabalhos (seja solo ou com a Amie Kaufman), entretanto acredito que o fato de gostar de um autor não significa que devemos passar pano quando eles erram a mão em suas obras. (Sim, Claire Contreras, estou falando de você!)
“Promessas são para poetas.”*
Toda a jornada de Mia iniciada em Nevernight a guiou para este ponto em Darkdawn. Uma profecia muito antiga e ela foi a escolhida para realizá-la. Porém, Mia Corvere não cede fácil a ninguém, muito menos aos deuses. Antes de qualquer coisa, ela terá sua vingança contra Julius Scaeva.
Toda essa explicação do que Mia é e o que ela precisa fazer foi jogada logo nos primeiros capítulos do livro. Após isso, mais da metade da história acompanhamos Mia tentando chegar na sede da Red Church, que é onde se encontra seu arqui inimigo. Nesse meio tempo, não acontece muita coisa relevante a essa profecia e o que tem de ser feito, só Mia e suas companhias tentando sobreviver.
“Eu não sou uma escrava do seu destino. Eu ando na minha própria estrada. Eu cometo meus próprios erros. E talvez este seja um deles. Mas eu vou ser a dona. Porque é minha escolha. Minha vida. Meu destino.”*
Das cinco partes do livro, três são focadas nessa longa viagem e, particularmente, fiquei um tanto entediada em alguns momentos justamente por essa travessia até a Red Church ser caracterizada por nada de muito relevante. Porém, as cenas de ação (que basicamente se resumem a pessoas tentando matar Mia e seus companheiros) compensam com suas descrições vívidas e bem narradas.
Mia Corvere continua aquela mulher que eu amo com todas as minhas forças: cruel, impiedosa, sanguinária, calculista, resiliente. Ao mesmo tempo, vemos que ela tenta esconder um grande coração para com aqueles que se tornaram importantes em sua vida. Enquanto sua família de sangue foi arrancada de sua vida, ela encontrou outra em meios de assassinos, ladrões e gladiadores, e vai fazer de tudo para protegê-los.
“Eu sou uma filha do escuro entre as estrelas. Eu sou o pensamento que acorda os bastardos deste mundo suando à noite. Sou a vingança de toda filha órfã, toda mãe assassinada, todo filho bastardo. Eu sou a guerra que você não pode vencer.”*
Um ponto que gostei foi as reflexões de Mia em relação a Ash. Quando elas começaram a se envolver em Godsgrave, como a própria Mia diz: o amanhã não era certeiro, então não havia o que pensar; procurar consolo em Ash foi a primeira decisão em toda sua vida que ela fez pensando em si e não na vingança em nome de sua família. Aqui, o que Mia tem é tempo para pensar e analisar o que realmente a levou para os braços da garota e era algo que eu já suspeitava: Mia se vê em Ash. As duas foram forjadas para vingança, não abaixam a cabeça para nada e ninguém e não medem ações para que cumprir seu objetivo.
Ashlinn conseguiu a vingança dela e no processo feriu Mia, porém quando ela estava em seu pior momento lá em Godsgrave, Ash era a pessoa que estava ao seu lado. Por isso, partindo de alguns pensamentos da própria Mia, ela via em seu envolvimento Ash uma válvula de escape de toda aquela vida atormentada e sangrenta. Particularmente, não senti que Mia amava Ash como a garota a amava, porém rolava um sentimento profundo da parte de Mia e o fato de, quando estavam sozinhas em um quarto, Ash a fazia esquecer todos os problemas por pelo menos um instante.
Entretanto, por mais que eu tenha gostado dessas reflexões (algo que não foi desenvolvido em Godsgrave), em alguns momentos eu senti que era desnecessário alguns detalhes do relacionamento das duas garotas. Já vimos como elas são entre quatro paredes: algo carnal e bem intenso. Creio que Jay tenha utilizado dessas cenas mais íntimas para mostrar a ligação entre as duas, porém achei que usou até demais.
Antes de tudo, deixando bem claro que longe de mim me incomodar com cenas de sexo entre duas garotas; até porque o modo como Jay escreve não fica algo fetichista ou forçado, mas houve um certo capítulo que me senti lendo um outro certo capítulo de Corte de Gelos e Estrelas; que me fez questionar “hmm.. Era mesmo necessário isso, senhor Jay Kristoff? Fica aí o questionamento”.
Falando em Ash e Tric, confesso que achei as interações entre os dois bem desnecessárias na história. Ash sempre foi uma personagem que nunca decidi os meus sentimentos por ela; ora eu acho que ela era um bom apoio para Mia, ora eu acho que ela um tanto tóxica, dependente e atrapalha as decisões da assassina; esse último sentimento o que prevaleceu durante toda a leitura. Ash passou de uma pessoa solidária e um apoio a Mia para uma mulher ciumenta, carente (de uma forma bastante negativa) e tóxica.
Em suas interações com Tric, Ash se mostrava uma pessoa bastante insegura em relação a Mia e aproveitava qualquer momento para jogar na cara de Tric seu relacionamento com a garota. Eu fiquei “amiga, a gente não chuta cachorro morto!”. Já não basta ter matado o cara e ele descobrir que a garota que ama está de pegação com a que o matou… desnecessário apenas ficar se reafirmando e comentando da intimidade das duas a qualquer oportunidade. Definitivamente, você caiu no meu conceito (que já não era taaanto assim)
“O medo nunca é uma escolha. Nunca uma escolha. Mas deixá-lo governar você é.”*
Porém, o ápice desse livro foi descobrir quem é o narrador dessa história. O suspense não fica por muito tempo; Kristoff joga logo essa informação lá pelo terceiro capítulo. Eu só posso dizer que esse homem é um gênio. Mas é claro que eu tinha que passar vergonha nas redes sociais para anunciar esse meu pensamento, como podem ver na imagem abaixo.
Quem acompanha o autor no twitter, sabe o quão debochado ele é. Houve uma época que ele postava -emails raivosos que recebeu, sempre acompanhado de um comentário sarcástico. Então, por isso eu tenho certeza que ele jogou algumas shades para esses seus não-fãs neste livro. Já falei que amo um autor debochado?
“Não brinque com bibliotecários, mocinha. Conhecemos o poder das palavras.”*
A escrita do Jay continua bem envolvente e com aquele toque poético, mesmo em suas cenas mais quentes. As tão queridas notas de rodapé também fazem sua participação aqui em menor número que nos livros anteriores, mas ainda com aquele tom espirituoso do narrador. Um ponto diferente nesse livro é o foco da narração em outros personagem.
Outro detalhe que gostei bastante foi como o autor associou cada livro com uma fase da vida de Mia. Como todo mundo já sabe, é dito logo no início de Nevernight que Mia está morta e essa é uma história póstuma. É dito que Nevernight é o livro do nascimento de Mia , Godsgrave é o livro da sua vida e Darkdawn é o livro da sua morte. Gostei bastante dessa analogia.
O livro começa a pegar um ritmo melhor já nos seus capítulos finais. Conhecemos qual realmente é o papel de Mia em toda essa questão de profecia e o que ela deveria fazer. Confesso que, como toda a história desse lance de profecia foi contado lá no início do livro e levou quase 300 páginas para ser citado novamente, eu havia esquecido alguns detalhes. Sorry muito, mas é isso que acontece quando inserem vários nadas em boa parte da história.
Eu estava disposta a dar cinco estrelas para o livro, mesmo levando em consideração alguns pontos que listei aqui e considerando toda a história no geral, porém o que me fez mudar minha nota foi o final. Nem sempre o final de uma história vai agradar a todos os leitores, isso é um fato. No meu caso, eu achei que ele não finalizou de uma forma mais condizente e à altura de tudo o que foi narrado aqui, mas vida que segue. Ainda levarei Mia e toda sua história para sempre no meu coração.
Indico as Crônicas da Quasinoite para quem deseja ler sobre uma garota que tudo lhe foi arrancado e, ainda assim, não abaixou a cabeça para o mundo e foi atrás de vingança. Apesar dos pesares desse último livro, essa trilogia foi uma das melhores fantasias que li nos últimos anos, principalmente no quesito ambientação e mitologia. Ainda não tem previsão do lançamento de Darkdawn aqui no Brasil.
“Nunca trema,
nunca tema,
e nunca, jamais se esqueça”**
Resenhas anteriores
Livro 1 - Nevernight
Livro 2 - Godsgrave
5 Comentários
Fiquei bastante interessada no livro. Irei procurar para ler. Adorei.
ResponderExcluirBeijinhos.
www.lewestinblog.com
Oi Lu!
ResponderExcluirO spoiler que eu tomei do 2 NAO TEM CHAO T.T AFF Q DISGRAÇA T.T e eu vi o aviso mas tava curioso. Me lasquei T.T
Chocado com o triangulo. Chocado com a cena de putaria nivel hard corte dos flops e mais chocado ainda com essa enrolacao. To ate com medo agora pq tenho certeza q vou me incomodar com essa papagaida toda ai. É foda. Pq me mataste Jay Kristoff?
Abraços
Emerson
http://territoriogeeknerd.blogspot.com/
Oi Lu, eu não acompanho a série, mas apesar da ressalva da parte do relacionamento das meninas, o livro parece ter bons pontos positivos. Um dia, quem sabe, eu leio rsrsrsrs
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
MENINA VOCÊ JÁ LEU ESSE LIVRO!?? Aii estou tão, mas tão ansiosa por ele. Os pontos negativos que citou quebraram meu coração, mas estou esperançosa em gostar dele, é uma das minhas fantasias dark preferidas. Ash também não é la essas coisas no meu conceito, mas quero muito ver o novo Tric e Jonnen. Já estou pirando pra saber quem é esse narrdor hahaha. Ansiosa demaiiiisss
ResponderExcluirBeijos
Imersão Literária
Oi Lu, ando fugindo de livros assim, séries, duologia ou trilogia, não tenho tido muito tempo sabe!? Mas curti muito as capas, é o tipo de livro que me atrai.
ResponderExcluirBeijos Mila
Daily of Books Mila
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