Resenha #663: Ritos De Passagem - Octavia E. Butler (Morro Branco)

Título: Ritos de Passagem
Título Original: Adulthood Rites
Autor: Octavia E. Butler
Série: Xenogenesis #2
Páginas: 368
Ano: 2019
Editora: Morro Branco
Sinopse: Nessa sequência de Despertar, Lilith Iyapo deu à luz ao que parece um menino saudável de nome Akin. Porém, Akin tem na verdade cinco pais: um homem e uma mulher, um Oankali macho e um fêmea, e um Ooloi agênero. Os Oankali e os Ooloi são parte de uma raça alienígena que resgatou a humanidade de uma devastadora guerra nuclear, mas o preço a ser pago a eles é alto, uma vez que os alienígenas são obrigados a unir seu material genético com o de outras raças, alterando drasticamente ambos no processo.
Nesse planeta Terra em reabilitação, essa “nova” raça está emergindo através da mistura de humano/Oankali/Ooloi, mas há também humanos “puros” que escolhem resistir aos alienígenas e a salvação que oferecem. Esses resistentes são esterilizados pelos Ooloi para que não possam passar para frente o defeito genético que os faz destruírem a si mesmos, mas, fora isso, são deixados em paz (a menos que se tornem violentos).
Quando humanos resistentes sequestram o jovem Akin, os Oankali escolhem deixar a criança com seus captores para que ele, a mais “humana” das crianças Oankali, decida se os humanos resistentes devem ter sua fertilidade e liberdade devolvidas, mesmo que isso signifique apenas a volta da sua autodestruição.
Esse é o segundo volume da série Xenogênese, uma poderosa história de existência alienígena.


ATENÇÃO! Se você não leu os livros e/ou resenhas anteriores, pode conter spoiler

Finalizado Despertar, logo iniciei Ritos de Passagem. Nessa sequência, os humanos e Oankali estão de volta ao planeta Terra a fim de reabilitar o planeta. O protagonista dessa continuação é Akin, um dos filhos de Lilith e o primeiro constructo (nome dado aos nascidos com genes humanos e Oankali) do sexo masculino. Ao ser sequestrado por rebeldes (humanos que se recusam a se associar e procriar com os Oankali), ele vivencia um outro lado da vida na Terra e que mudará por completo sua opinião pelos seus povos.

Por mais que Despertar continue sendo meu favorito até agora (Imago corre grandes chances de tomar esse posto pelo que li da sinopse), Ritos de Passagem também tem seu destaque. Se no primeiro livro se destaca a falta de empatia e frieza da raça alienígena, nesse livro Octavia destaca os limites da moralidade do ser humano.


Desde o livro anterior já sabemos que as mulheres humanas só podem engravidar se estiverem relacionadas aos ooloi (gênero neutro dos Oankali que são responsáveis pela procriação). Os rebeldes se recusaram a isso e assim eles formaram comunidades entre os seus, mas sem poder ter filhos. E por isso eles são conhecidos por roubarem e comprarem (!!!) crianças e mulheres humanas sequestradas de comunidades híbridas. Além da questão de tráfico de pessoas e escravização, Octavia também aborda a questão da xenofobia e preconceito, visto que as crianças que remotamente lembram os Oankali são vítimas de várias ameaças e maus tratos.

Por ser híbrido de humano e Oankali, Akin é um personagem empático às duas raças assim como conflituoso justamente por pertencer aos dois povos. A partir de sua vivência com os rebeldes, ele verá um outro lado da humanidade; um lado que se ressente dos seus "salvadores" e sua autoridade em pensar que sabem o que é melhor para a humanidade. Desde o primeiro livro fica claro que essa interferência tira o livre arbítrio dos humanos.

É bem revoltante ver os humanos de novo se voltando à violência (fato que fez foi a causa da destruição da Terra em primeiro lugar), mas também descobrimos que essa violência é fruto da frustração, medo, desilusão e desesperança desses rebeldes. Afinal, pra que despertarem e voltarem a Terra se serão impedidos de procriar por vontade própria? De que adianta construir uma nova vida se você não vai ter ninguém para poder se preocupar em fazer um bom futuro?

Essa trilogia me fez ver o quanto Octavia era uma mulher visionária e já discutia assuntos importantes. A primeira edição desse livro foi lançada em 1988 e já se discutia sobre identidade de gênero. Já sabemos que ooloi são de um gênero neutro (nem masculino nem feminino) desde o livro anterior. Aqui temos um personagem em destaque que, devido as suas condições de nascimento (não entrarei em mais detalhes por motivos de spoiler) terá de escolher qual será seu sexo após sua metamorfose (uma espécie de puberdade).

Em Ritos de Passagem, temos algumas respostas também sobre os planos que os Oankali tem para os humanos. Muito claramente que eles não iriam salvar toda uma raça para apenas ficarem de volta na Terra. Na reta final do livro temos uma esperança de uma nova ambientação e espero que isso aconteça em Imago.

Resenhas anteriores
Livro 1 - Despertar (Dawn)

4 Comentários

  1. Oii, tudo bom? Não conhecia a série, mas acheNão enredo interessante para lê-lo do começo.
    Beijos!
    https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/?m=1

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  2. Amei a escrita da autora em Filhos de Sangue e Outras Histórias e eu já quero ler seus outros livros.

    Bjs

    Imersão Literária

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  3. Olá! Não é o tipo de leitura que me atrai 100% mas, se eu tiver uma oportunidade de ler com certeza leria.
    Acho que essa leitura aborda temas importantes e mostra uma visão de outra época.
    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  4. Oi, Lu! Tudo bom?
    Eu vivo e respiro as histórias da Octavia, que escrita MARAVILHOSA! Preciso ler essa série dela, então dei uma pulada na resenha pra não pegar nenhum acontecimento.

    Beijos, Nizz.
    www.queriaestarlendo.com.br

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