Resenha #722: Nós Somos A Cidade - N.K. Jemisin (Suma)

Título: Nós Somos A Cidade
Título Original: The City We Became
Autor: N.K. Jemisin
Série: Great Cities #1
Páginas: 336
Ano: 2021
Editora: Rocco
Sinopse: Toda cidade tem alma. Mas toda cidade também tem um lado obscuro. Um mal antigo espreitando sob a terra, esperando pelo momento certo para atacar. E quando Nova York desperta, corporificada na figura de um franzino garoto de rua, o ataque que se segue é brutal. O jovem, avatar da metrópole, fica em um coma mágico, e a cidade corre perigo com o mal que infesta ruas e pessoas, ameaçando destruí-la.
É então que outros cinco avatares são chamados à luta. Em Manhattan, um jovem universitário sente o pulsar da metrópole e compreende seu poder. No Bronx, a diretora lenape de uma galeria de arte descobre estranhos grafites que a atraem de maneira irresistível. No Brooklyn, uma antiga MC que entrou para a carreira política consegue ouvir a música da cidade. No Queens, uma imigrante indiana com um visto de estudante não entende como pode se tornar parte de um lugar que mal a reconhece como cidadã. E em Staten Island, a filha oprimida de um policial violento sente o resto da cidade chamando por ela.
Enquanto isso, o avatar de Nova York dorme, esperando que seus distritos consigam se unir e expulsar de uma vez por todas o invasor monstruoso à caça deles.

Esse ano, conheci o trabalho da N.K. Jemisin através de A Quinta Estação e logo ela se tornou autora favorita pra vida! E com Nós Somos a Cidade não foi muito diferente. Afinal, um livro escrito pela única pessoa a ganhar três vezes consecutivas o Hugo Awards não pode ser ruim.

Toda cidade tem uma alma. Em algum momento ela "nasce" e se personifica em um avatar. Nova York, além de um avatar próprio da cidade, ela ainda possui mais cinco que personificam distritos que compõem a cidade: Manhattan, Brooklyn, Bronx, Queens e Staten Island. Mas algo está errado em Nova York e esses cinco distritos tem que correr contra o tempo para proteger o avatar primário e assim evitar a destruição da cidade.


O nível de criatividade dessa mulher, eu queria ter 1% dele na vida. O modo como ela cria todo um universo e através dele traz discussões pertinentes do nosso dia é simplesmente incrível. Durante todo o livro, temos discussões sobre racismo, preconceito, xenofobia e tantos outros assuntos importantes e que são um soco no estômago pelo modo como ela conecta com a vida e importância de cada avatar.

Outro ponto que achei genial foi a diversidade racial entre os avatares. Nova York é uma das cidades-símbolo dos EUA, um país que sempre foi conhecido por ter pensamentos vindos diretamente da caçama de lixo. Então, veja só... Dos seis avatares, cinco são não-brancos. 

O próprio avatar de Nova York é um negro gay/bi/pan (não ficou bem definida sua sexualidade) morador de rua, Manhattan é de descendência afro-latina, Brooklyn é uma mulher negra ex-rapper, Bronx é descendente da tribo indígena lenape lésbica, Queens é uma mulher indiana gênia da matemática. Por último (e sim menos importante) Staten Island é uma mulher branca e submissa.

Os primeiros capítulos podem ser um pouco arrastados, mas justamente por sermos apresentados e familiarizados a cada avatar/distrito. Aos poucos eles vão se encontrando e aprendendo a trabalhar em equipe, principalmente tendo que superar suas animosidades. Exceto por Staten Island, já que sua avatar é a própria representação do americano retrógado. Jemisin até que dá um pano de fundo que rola você entender de onde vem todo o conservadorismo, medo e preconceito, mas a partir do momento que ela decide ficar na bolha, não tem como defender.

E nem só de avatar de NY vive Nós Somos a Cidade. Temos Paulo (avatar da cidade de São Paulo) em cena, tentando ajudar os novos a se familiarizar com toda situação. Fora que ele é protagonista de uma das melhores cenas desse livro e envolvendo um brigadeiro ainda por cima.

O vilão aqui é a própria personificação do "cidadão de bem". No caso aqui uma vilã, que utiliza dos preconceitos internos de vários cidadãos de NY para se fortalecer e tentar derrotar os avatares. Inclusive, toda a história tem um clima bem terror cósmico lovecraftiano, com lutas e monstros interdimensionais, e eu só espero que ele esteja se revirando nas suas catacumbas por ter seus elementos sendo utilizados por uma mulher negra, a fim de mostrar tudo que há de ruim na sociedade.

O livro também é cheio de ação, não lutas físicas, mas sim com situações desconfortáveis e até ameaçadoras para segurança dos avatares. Na reta final, Jemisin nos surpreende com um elemento novo, que eu adorei e só pude gritar.  

1 Comentários

  1. Olá...
    Amei sua resenha!
    Sempre leio excelentes comentários sobre esse livro e tenho sim vontade de ler, apesar de não ser meu gênero de conforto. Adorei saber que a autora é tão criativa assim, com certeza me animou ainda mais a ler.
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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