Resenha #761: Britt-Marie Esteve Aqui - Fredrik Backman (Rocco)

Título: Britt-Marie Esteve Aqui
Título Original: Britt-Marie Was Here
Autor: Fredrik Backman
Série: ---
Páginas: 304

Ano: 2019
Editora: Rocco
Sinopse: Aos 63 anos, Britt-Marie vê sua vida virar de ponta-cabeça quando precisa abandonar sua rotina (e seu casamento) para se reconstruir em um vilarejo que transformará seu destino para sempre.

Recheada de personagens emblemáticos, a trama nos leva a refletir sobre solidão, concessão, frustração e superação, temas que, apesar de cinzentos, ganham cores através da leveza de suas páginas. Com um humor sarcástico carinhosamente dosado para nos cativar, Britt-Marie esteve aqui tem tudo para se tornar um dos livros favoritos de todas as estantes.

Britt-Marie é uma senhora que largou o marido e agora quer recomeçar sua vida. Assim ela arranja um emprego de administradora de um centro comunitário na pequena (e bem esquecida) cidade de Borg.

Britt-Marie me lembrou bastante Susan (Susan Não Quer Saber do Amor). Ela é cheia de manias e julgamentos, chata e não tem muito filtro nas coisas que diz. Aos poucos você vai percebendo que esse é o seu jeito de tratar a solidão que sempre sentiu. No fundo, Britt-Marie é uma mulher que dá muito, mas recebe pouco de volta.

Apesar de não ser o meu livro favorito do autor, não é difícil se identificar com Britt-Marie. Ela é uma senhora de 63 anos que sempre viveu para os outros e agora ela se vê com um branco no seu futuro e sem saber o que fazer. É bem bonito seu desenvolvimento, de uma mulher que ainda se prende à sua rotina para uma mulher que se permite abrir para novas experiências e a esperança de ter seus sonhos realizados.

Vocês sabem que eu amo histórias em cidades pequenas e aqui não foi diferente. Eu amei os personagens secundários e como eles vão tomando seu espaço na vida de Britt-Marie, mesmo que ela diga o contrário. Até os personagens que prometiam ser um pé no saco, você acaba se afeiçoando. As interações entre Britt-Marie e as pessoas de Borg são um misto de diversão e, claro, vergonha alheia. Mas dessas conversas há reflexões sobre recomeços, sensação de pertencimento e sonhos. 

Britt-Marie Esteve Aqui tem um pouco da energia caótica que foi Gente Ansiosa. O autor consegue bem equilibrar temas tristes com uma narrativa divertida. Temos vários personagens em cena, muitas conversas que às vezes não fazem sentido, mas que ao final você acaba recebendo um tapa na cara.

Por conta de um acontecimento na reta final, eu fiquei bastante preocupada em como iria acabar essa história. E mais uma vez Fredrik me surpreendeu e eu não poderia outro final para Britt-Marie e os habitantes de Borg. Pois, assim como eu, eles poderão dizer que Britt-Marie esteve aqui.